Afinal, quais as diferenças entre arranjador, sintetizador, controlador etc.?



Quem é tecladista, profissional ou não, e que já tem uma certa estrada percorrida nesse meio, deve estar acostumado com essas palavras: arranjador, sintetizador, controlador, workstation, dentre outras. Muitas vezes usamos esses termos de forma tão automática que, para nós, é o normal. Mas para quem vem de fora e quer saber mais sobre esse universo, quando usamos essas palavras, isso pode talvez causar uma certa confusão: afinal, que tanto falam sobre esse negócio de "arranjador", "sintetizador", "controlador" etc.?
Então, resolvi criar essa postagem com o objetivo puro e simples de mostrar quais as diferenças entre essas e outras categorias de teclado.



1. ARRANJADOR

Yamaha PSR-EW410 - fonte

Um teclado é considerado arranjador quando tem recursos para acompanhamento automático - em outras palavras, quando possui ritmos internos pré-definidos, de forma que o músico possa solar com a mão direita e fazer o acompanhamento com a esquerda. É o tipo de instrumento indicado para se trabalhar sozinho ou, no máximo, com cantor(a) ou instrumentistas, sem banda - muito embora nada impeça seu uso em bandas. Os arranjadores podem ser divididos em três categorias: instrumentos de estudo (quando contêm apenas o básico necessário para o aprendizado musical), intermediários (quando já contam com funções extras de performance, como memória de painel e outras) e avançados (esses são chamados de arranger workstations - falarei sobre essa categoria mais adiante).



2. SINTETIZADOR

Roland JP-8000 - fonte

Sintetizador é aquele teclado cuja principal meta é a criação e edição de novos sons. Ao contrário dos arranjadores, eles não possuem qualquer forma de acompanhamento automático (embora alguns modelos ofereçam recurso de patterns, mas isso é outra coisa). Existem várias formas distintas de síntese sonora (isso é um assunto bem extenso para uma futura postagem), então, podemos dizer que cada sintetizador é diferente. Não à toa, muitos tecladistas possuem vários sintetizadores em seus sets, pois cada um faz um tipo de som. Sintetizadores podem ser divididos entre analógicos (aqueles cujo som é gerado por variações de corrente elétrica) e digitais (aqueles que geram o som através de ondas digitais e/ou amostras pré-gravadas).



3. CONTROLADOR

M-Audio Axiom 61 - fonte

Teclados controladores são aqueles cuja função é trabalhar com módulos de timbres, computadores e outras fontes externas de sons. Justamente por isso, não possuem qualquer som interno. São instrumentos mais voltados para uso em estúdio, trabalhando com plug-ins e pacotes de expansão via DAW, mas também podem ser usados ao vivo, se combinados com um laptop (ou um iPad), onde sejam executados sintetizadores virtuais (VSTi) ou outros tipos de ferramentas geradoras de som.



4. WORKSTATION

Yamaha MOTIF XF8 - fonte

Uma workstation é um teclado autossuficiente, com praticamente todas as ferramentas necessárias para composição, produção e performance musical - em geral, é a categoria mais cara do mercado. São instrumentos completíssimos, os quais acumulam diferentes categorias dentro de uma só caixa. Com uma workstation é possível concentrar todo o trabalho em um só instrumento, sem necessidade de um set - mas, naturalmente, nada impede que as workstations sejam parte de um set, se for o caso.



5. ARRANGER WORKSTATION

Yamaha Genos - fonte

Como o próprio nome diz, uma arranger workstation é, basicamente, um misto de workstation e arranjador. Em outras palavras, possui todas as características de uma workstation, acrescidas do recurso de acompanhamento automático - nesse caso, uma forma bem mais avançada de acompanhamento automático. É o tipo de instrumento perfeito para compositores, pois fornece literalmente TODAS as ferramentas necessárias para esse trabalho.



6. PIANO DIGITAL

Kurzweil KA-90 - fonte

Instrumento de 88 teclas (7 oitavas), que cumpre o mesmo papel do piano acústico, porém, cujo som é gerado digitalmente, seja através de amostras pré-gravadas (sampling), ou de modelagem física (physical modeling). Os pianos digitais podem ser divididos entre modelos de móvel (mais similares aos pianos acústicos, com pedaleira tripla, móvel de madeira e outras características) e portáteis. A grande maioria dos pianos digitais fornece alguns outros timbres, como pianos elétricos, cordas etc., que podem ser usados separadamente ou em duas camadas (dual). Os pianos digitais são indicados aos pianistas que não possuem um espaço adequado em suas casas para acomodar um piano acústico, ou aos que costumam tocar nos palcos.



7. CLONEWHEEL

Hammond XK-3C - fonte

Um clonewheel é um instrumento que procura imitar as características de um órgão Hammond B3, cujo som é formado a partir de ondas senoidais sobrepostas, representando diferentes harmônicos, os quais são ajustados por nove chaves (drawbars). A geração do som do órgão original era feita a partir de engrenagens internas (tonewheels), e esses instrumentos tentam simulá-la (clone), por isso o nome clonewheel. Esses instrumentos podem ser usados em diversos estilos musicais, em especial rock, blues, jazz, MPB, gospel, reggae, dentre outros. Possuem uma sonoridade muito característica.



8. STAGE PIANO

Kurzweil SP4-7 - fonte

Os stage pianos são instrumentos muito similares aos pianos digitais convencionais, com alguns detalhes distintos: em geral possuem menos teclas (quase sempre 76, em alguns casos 73) e também contam com recursos adicionais de performance, como controles em tempo real e outros. Há uma discussão sobre considerar um stage piano como piano digital ou não.



9. ÓRGÃO SPINET

Yamaha Electone C-35 - fonte

Muito populares em pequenas igrejas e algumas residências entre os anos 1970-90 (e ainda fabricados atualmente), esses órgãos de móvel, chamados spinet, são diferentes dos clonewheels, no sentido em que seu som é gerado de uma forma diferente, através de transistores.



Aqui citei nove diferentes categorias de teclados, mas certamente existem muitas outras, menos conhecidas, mas não menos importantes. Espero, com isso, ter esclarecido um pouco sobre as diferenças entre cada categoria de teclado e, assim, ajudado aqueles que ainda estão começando nesse universo.

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