Quem me conhece sabe que, desde os primórdios da minha carreira como pianista/tecladista profissional, sempre priorizei a estabilidade do meu set de instrumentos. Fui sempre atrás de marcas e modelos que me passavam confiança - nem sempre fui bem-sucedido nisso, mas posso dizer que acertei na maioria das vezes. Porém, muito aconteceu de, em determinadas ocasiões, eu precisar de timbres específicos - e, com recursos limitados, eu não tinha acesso aos caros sintetizadores tops de linha, precisando encontrar alternativas o quanto antes. Como tive laptop por muitos anos, acabei recorrendo aos instrumentos virtuais - em outras palavras: VSTi, plug-ins etc.. E é sobre essas experiências que quero falar.
VSTi, para quem não sabe, é a sigla inglesa para "Virtual Studio Technology instrument", e é uma tecnologia criada pela empresa alemã Steinberg para reproduzir via software tudo aquilo que um instrumento musical eletrônico pode executar. Aqui expliquei de forma bem resumida - se quiser um artigo completo sobre o tema, sugiro esse link da Wikipedia (em inglês). Meu objetivo foi apenas ambientar o leitor para que o mesmo saiba de certa forma do que falarei nos parágrafos abaixo.
Então, lembro de diversas ocasiões em que precisei usar instrumentos virtuais ao vivo. Ora VSTi, ora plug-ins LADSPA, enfim, foram várias vezes. Uma das mais antigas foi quando, em um show da banda BettyFull em agosto de 2010, precisei de timbres de lead synth em várias músicas. No início daquele ano eu ainda contava com o sintetizador nacional Labolida nano1 para isso; porém, mais adiante nesse mesmo ano, eu não o tinha mais, aí, em busca de outras alternativas, sem verba para outro sintetizador e sem ter localizado nenhum timbre decente desse tipo no meu set da época, tive que correr atrás. A sorte foi que eu tinha um laptop Philco com Windows 7 naquele tempo; então, me lembrei de outro teclado que estava lá, um Yamaha PSR-E423, e feito: teclado + laptop + SuperWave P8.
Tempos depois, como vi que o SuperWave P8 me seria muito útil dali em diante, fui atrás de um controlador de 49 teclas - até porque eu achava o PSR-E423 grande demais para esse tipo de função, tendo seus próprios sons; mas, por outro lado, não tinha muitos recursos de controle em tempo real, até porque não era esse o objetivo do instrumento. Então, encontrei um M-Audio Oxygen 49 3rd Gen, que passou a ser usado com o mesmo laptop, e o mesmo VSTi.
laptop executando SuperWave P8 já com o controlador M-Audio ao lado
fonte: arquivo pessoal - dezembro de 2010
Avançando no tempo, em 2019, outra vez precisei recorrer aos instrumentos virtuais ao vivo. Num show de outra banda, No Vacancy, da qual participei por pouco tempo, houve um momento em que precisei recorrer a sons específicos de cordas e vozes, que nenhum instrumento meu tinha. Mais uma vez tive sorte, pois eu possuía um laptop Dell na época, executando Ubuntu Studio 18.04, e nele pude encontrar os tais timbres que eu precisava: estavam num SoundFont GM chamado Fluid R3, cuja sonoridade se assemelha muito à dos antigos teclados Roland (aliás, usei muito esse mesmo SoundFount nas minhas produções musicais mais recentes). Como controlador usei um teclado Yamaha PSR-E453 que eu tinha naquele ano.
passagem de som do show da banda No Vacancy - laptop e PSR-E453 à esquerda
fonte: arquivo pessoal
E agora, mais recentemente, com minha nova banda, há uma certa possibilidade de eu precisar de timbres FM, tipo Yamaha DX7. Porém, três coisas:
- não se vê mais nenhum DX7 facilmente por aí
- se encontrar um, o valor será altíssimo
- os clones de DX7 lançados posteriormente (Yamaha ReFace DX, Korg OpSix etc.) estão cada vez mais raros e caros, tais como o DX7 original
- se encontrar um, o valor será altíssimo
- os clones de DX7 lançados posteriormente (Yamaha ReFace DX, Korg OpSix etc.) estão cada vez mais raros e caros, tais como o DX7 original
No entanto, existe um plug-in totalmente gratuito chamado Dexed, que faz a mesma função, de forma simples e intuitiva. Já o testei várias vezes no meu PC, usando diferentes teclados como controladores, editando sons etc., e tudo me fez lembrar aqueles timbres clássicos dos anos 1980. Só que, nesse momento, não tenho nenhum laptop, e os preços dos atuais estão horrorosos... Apesar de que síntese FM não requer tanto processamento e tanto espaço de HD - se um processador RISC de 1983 dava conta de tudo, por que um, digamos, Intel Atom não daria?
Outra opção seria usar o RockRelay FM Synth, um aplicativo para Android. Aliás, até já fiz esse teste no ano passado, quando eu tinha um tablet sobrando aqui. O problema foi que eu não conseguia manter o dispositivo carregado E usar USB-OTG ao mesmo tempo; ou eu carregava o dispositivo, ou eu usava o RockRelay. Pensei que isso não seria nada legal ao vivo; logo, a não ser que eu tivesse um tablet com capacidade de recarga de bateria wireless, o RockRelay fica inviável. Uma pena, pois é um baita sintetizador FM.
Fica a dúvida no ar: será que novamente precisarei de instrumentos virtuais ao vivo no futuro? Não há resposta definitiva a essa pergunta. O tempo dirá...
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