O instrumento não faz o músico



Com o tempo, evoluímos. E, em se tratando de ferramentas de trabalho, isso não é diferente.
A foto em cima mostra meu primeiro set de instrumentos "oficial", em 2005. Antes disso cheguei a fazer umas experiências com instrumentos simultâneos, mas meu trabalho mesmo era com apenas um - no caso, um Technics sx-KN1500 (pena que não tenho nenhuma foto minha com ele, seja em casa ou no palco - digo, só uma no álbum "2003" da minha página no Facebook, mas bem de longe). O que me acendeu a luz para os sets de instrumentos foi a perda do Technics (contei a história no Instagram há um tempo atrás - não vou repetir aqui porque acho desnecessário); com ele eu fazia virtualmente tudo o que eu precisava. O sucessor dele, Yamaha DGX-205, comprado no início de 2005, tinha mais teclas, mas menos funções, o que me fez procurar por um instrumento adicional (primeiro um Fenix TB4000D, depois um Roland EM-50) - e o que deu início a uma incessante busca por novos sons, novos recursos, novidades em geral.
A foto embaixo mostra meu set hoje, bem maior, mais completo, atualizado (na medida do possível), com uma gama quase infinita de possibilidades. Foram treze anos de aprimoramento até chegar nessa configuração - e a pesquisa continua, sempre, toda a vida. Meu home studio é igual a coração de mãe: sempre cabe mais um. E nem me importo se é sintetizador, arranjador, controlador, workstation etc., ou se a marca é X ou Y, se o modelo é esse ou aquele; se acho que um determinado instrumento pode contribuir com algo mais para o set, seja o que for, ele entra na parada.

AQUI É TECLADISMO SEM LIMITES E PRECONCEITOS.

Coloquei essa mesma postagem no meu perfil no Instagram (aqui adaptada) agora no dia 3 de setembro e resolvi repeti-la aqui por um motivo que me incomoda demais: muitas vezes vejo excelentes tecladistas por aí perderem seus postos em bandas, ou até perderem contratos profissionais, apenas porque não tem o instrumento da moda, aquele que "fulano famoso usa". Sinto muita pena deles, por não poderem fazer seus trabalhos em função de preconceito alheio; e também sinto pena dessas bandas e desses contratantes, pois não sabem o que estão perdendo.
Acho muito necessária uma revisão de paradigmas. Precisamos priorizar menos modismos e tendências e muito mais a qualidade de um músico, seja ele quem for. O tecladista pode ter o set de instrumentos mais caro do mundo, mas isso de nada adianta se ele não tiver competência e capacidade para lidar com o equipamento (nem entro no mérito de "talento" porque, ao meu ver, isso é muito relativo; sempre pensei que ser músico tem muito mais a ver com prática e estudo do que com "dom" ou "talento" - nada cai do céu, a não ser chuva, neve e meteoros). Prefiro muito mais ver um tecladista com um instrumento simples, mas fazendo um trabalho digno de nota, a ver um com um teclado caríssimo, mas que musicalmente não tem nada demais.
Vamos ao meu exemplo: posso receber uma proposta maravilhosa de uma banda consagrada, digamos. A conversa pode evoluir e posso estar perto de ocupar o posto de tecladista da tal banda. Mas se eles me vierem com aquele papo de "ah, esse teu instrumento não serve, tem que ser aquele da marca tal, modelo tal, porque é o que tá na moda, é o mais famoso, é o bam-bam-bam etc.", já recuso a proposta na hora. Qual motivo eu teria para me desfazer dos instrumentos com os quais já estou bem familiarizado apenas para "sair bem na foto"? Caio fora mesmo. Pode ser uma proposta "irrecusável", mas o dinheiro não me compra. Prefiro não entrar nessa banda e continuar com meu set, mesmo perdendo a chance de enriquecer nos palcos. Não me desfaço do meu set por nada nesse mundo, e dane-se se meus instrumentos não são os mesmos que aparecem nos DVDs de artistas famosos ou na TV. Já fui criticado algumas vezes por não ter Korg Kronos ou Nord Electro (nada contra esses instrumentos, naturalmente; muito pelo contrário), ou por não usar Kontakt (é uma ferramenta e tanto, mas hoje não tem nada mais "modinha" que isso - e sempre fui de fugir de padrões), mas "tô nem aí".
Admiro muito os tecladistas que valorizam o(s) instrumento(s) que possuem e fazem seus trabalhos competentemente com o(s) mesmo(s). Não importa quanto ele(s) custou/custaram. Não importa se a marca é essa ou aquela. Não importa se "não saem bem na foto". Não importa se não seguem modas e tendências.

O INSTRUMENTO NÃO FAZ O MÚSICO.

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