Quem é compositor sabe que muitas ideias musicais podem surgir do nada, em locais bastante aleatórios, em momentos totalmente inesperados. Elas não marcam hora; apenas vem. E quando a gente vê, a coisa gruda na cabeça de tal forma que não há nada mais a ser feito, a não ser sentar e compor.
Muitas das minhas composições surgiram assim. Ora durante o banho, ora sentado na privada (!!!), ora de madrugada numa noite de insônia, ora no meio de uma viagem etc.. Um dia tive uma ideia musical enquanto eu estava no palco, durante um show de uma das minhas bandas - mas como a adrenalina andava muito alta na hora, perdi a tal frase ou progressão harmônica. E ontem mesmo me veio uma ideia nova no momento em que peguei duas rodas de carro e bati uma na outra sem querer - eu estava ajudando meu pai a tirar tudo do depósito, então ele me pediu para pegar as tais rodas e, enquanto eu as levava dali, uma delas escapou da minha mão e encostou na outra, e o impacto gerou uma nota lá uma oitava abaixo, em perfeitos 220Hz. Naquele exato momento pensei: "posso usar isso numa composição". Enfim, sons aleatórios que servem de faísca para trabalhos complexos. Aliás, posso dizer que muitas grandes obras musicais provavelmente foram fruto do acaso - o compositor em algum momento teve uma ideia que não havia como simplesmente deixar guardada, então se empenhou, desenvolveu essa ideia e, ao final, lá estava uma obra completa. O processo pode ter levado alguns dias, ou mesmo anos, mas não importa.
Acredito que o mais importante, como compositor, é, assim que surge uma nova ideia musical, guardá-la, mesmo que pareça algo medíocre - muitas vezes as frases e progressões harmônicas mais medíocres são as que geram os trabalhos mais complexos e desafiadores. Uma vez que essa ideia foi guardada, o próximo passo é achar meios para desenvolvê-la. Se a ideia inicial foi uma melodia, tentar criar variações em cima dessa melodia, acrescentar acordes e assim por diante. Se foi uma progressão harmônica, tentar criar uma melodia em cima, depois imaginar qual ritmo se encaixa melhor, enfim. Se. ao invés de melodia ou harmonia, a ideia veio de algum som por aí, ver se o mesmo foi gravado (ou, se não foi gravado, tentar criá-lo a partir do zero, via síntese, por exemplo) e imaginar o que poderia estar em volta desse som (minha composição experimental "The Pixel Mystery" surgiu assim). Se a ideia foi a partir de um padrão rítmico, pensar em quais as melhores melodia e progressão harmônica a serem aplicadas ali. E em todos os casos, cuidar bem da timbragem dos instrumentos, da mixagem e da masterização - de nada adianta ter uma composição linda em mãos se o resultado final não for agradável aos ouvidos.
Para terminar, um recado aos compositores que estão lendo isso: não se acanhem quando surgem novas ideias musicais. E daí se são só duas notas ou coisa assim? Não interessa. É sempre ruim quando deixamos uma potencial composição escapar por entre nossos dedos - essas duas notas depois podem virar uma frase significativa, que poderá cativar muito os ouvintes. Meu professor de composição na UFRGS sempre dizia a mim e aos meus colegas: "nunca se joga nada fora". Ele tinha razão.
Muitas das minhas composições surgiram assim. Ora durante o banho, ora sentado na privada (!!!), ora de madrugada numa noite de insônia, ora no meio de uma viagem etc.. Um dia tive uma ideia musical enquanto eu estava no palco, durante um show de uma das minhas bandas - mas como a adrenalina andava muito alta na hora, perdi a tal frase ou progressão harmônica. E ontem mesmo me veio uma ideia nova no momento em que peguei duas rodas de carro e bati uma na outra sem querer - eu estava ajudando meu pai a tirar tudo do depósito, então ele me pediu para pegar as tais rodas e, enquanto eu as levava dali, uma delas escapou da minha mão e encostou na outra, e o impacto gerou uma nota lá uma oitava abaixo, em perfeitos 220Hz. Naquele exato momento pensei: "posso usar isso numa composição". Enfim, sons aleatórios que servem de faísca para trabalhos complexos. Aliás, posso dizer que muitas grandes obras musicais provavelmente foram fruto do acaso - o compositor em algum momento teve uma ideia que não havia como simplesmente deixar guardada, então se empenhou, desenvolveu essa ideia e, ao final, lá estava uma obra completa. O processo pode ter levado alguns dias, ou mesmo anos, mas não importa.
Acredito que o mais importante, como compositor, é, assim que surge uma nova ideia musical, guardá-la, mesmo que pareça algo medíocre - muitas vezes as frases e progressões harmônicas mais medíocres são as que geram os trabalhos mais complexos e desafiadores. Uma vez que essa ideia foi guardada, o próximo passo é achar meios para desenvolvê-la. Se a ideia inicial foi uma melodia, tentar criar variações em cima dessa melodia, acrescentar acordes e assim por diante. Se foi uma progressão harmônica, tentar criar uma melodia em cima, depois imaginar qual ritmo se encaixa melhor, enfim. Se. ao invés de melodia ou harmonia, a ideia veio de algum som por aí, ver se o mesmo foi gravado (ou, se não foi gravado, tentar criá-lo a partir do zero, via síntese, por exemplo) e imaginar o que poderia estar em volta desse som (minha composição experimental "The Pixel Mystery" surgiu assim). Se a ideia foi a partir de um padrão rítmico, pensar em quais as melhores melodia e progressão harmônica a serem aplicadas ali. E em todos os casos, cuidar bem da timbragem dos instrumentos, da mixagem e da masterização - de nada adianta ter uma composição linda em mãos se o resultado final não for agradável aos ouvidos.
Para terminar, um recado aos compositores que estão lendo isso: não se acanhem quando surgem novas ideias musicais. E daí se são só duas notas ou coisa assim? Não interessa. É sempre ruim quando deixamos uma potencial composição escapar por entre nossos dedos - essas duas notas depois podem virar uma frase significativa, que poderá cativar muito os ouvintes. Meu professor de composição na UFRGS sempre dizia a mim e aos meus colegas: "nunca se joga nada fora". Ele tinha razão.
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