Uma questão que sempre vem à tona em discussões a respeito de música, principalmente em se tratando de prática musical, é sobre o nível técnico dos executantes. Compara-se um músico com outro, chegando-se à conclusão de que o outro é "melhor" que o um, porque o outro acertou todas as notas e/ou tocou mais rápido, dentre outras coisas. Porém, muito se esquece de outro detalhe, de vital importância para a prática musical: a emoção. Ao meu ver, de nada adianta tocar "enecentas" notas por minuto, sem errar nada, se a execução parecer a mesma de uma máquina programada - talvez isso funcione em música gerada por computador, mas em se tratando de pessoas tocando instrumentos e/ou cantando, nunca haverá o que chamo de perfeição absoluta - inclusive porque, pela própria natureza humana, não existe perfeição.
Lembro da época em que eu cursava faculdade de Música na UFRGS - muitos músicos virtuosos ali, mas, por outro lado, a grande maioria dos mesmos parecia pré-programada para executar certas peças, usando de muita técnica, mas pouca (ou nenhuma) emoção. Aliás, lembro em vários detalhes de uma conversa que ouvi naquela época, entre dois dos alunos (não da minha turma), na qual um disse ao outro que havia frequentado um workshop de um famoso violinista (na verdade não sei se era um ou uma, não lembro do gênero da pessoa, mas considerarei o masculino, para efeito de escrita), o qual ele admirava muito.
A conversa foi, mais ou menos, a seguinte: ele estava no tal workshop, assistindo ao evento, no qual o violinista falou sobre diversos assuntos relacionados ao instrumento e ainda executou várias peças. Esse aluno mencionou que, enquanto o violinista executava as tais peças, havia um grupinho na plateia dizendo que as notas estavam erradas, que o timing não estava certo, que as arcadas não eram as mesmas que os compositores haviam imaginado etc.. Enfim, o tal grupinho queria perfeição absoluta e não a encontrou. Em dado momento, alguns daquele grupinho começaram a reclamar diretamente ao violinista, o qual respondeu sabiamente às investidas com uma pergunta:
- Vocês preferem tocar perfeito ou tocar com emoção?
Resultado: o grupinho não falou mais nada, e o restante da plateia aplaudiu o violinista de pé.
Outra história que conheço veio de uma revista que li há anos atrás, a qual continha uma entrevista com um certo músico italiano, representante de uma famosa marca de instrumentos musicais eletrônicos. Ele estava no Brasil naquele momento e contou, nessa entrevista, que a plateia mais calorosa para a qual ele se apresentou foi justamente a brasileira, que o aplaudia sempre, enquanto que, na Europa, de onde ele veio, a plateia era muito fria e calculista. Isso me lembrou de tantas vezes que assisti a concertos de orquestras na TV, que executavam obras magníficas, mas as plateias pareciam mais com análises, com bancas examinadoras, com um júri, do que com plateias propriamente ditas: assistiam a tudo visando encontrar erros. Coisas do universo erudito que até então eu não sabia?
Só que isso não acontece apenas no meio erudito - já vi muitos casos de álbuns históricos de bandas e artistas famosos que foram literalmente massacrados por certos críticos musicais por causa de uma coisinha ou outra que os mesmos julgaram "imperfeitas", "inapropriadas" ou, ainda, "sem sentido" (aliás, acho que críticos musicais são músicos frustrados que não conseguiram seguir adiante, e então vivem de falar mal da obra alheia - estou errado?).
Sei que há uma relação muito íntima entre música e matemática, mas não vejo necessidade de transformar a música em matemática pura. Afinal, qual outra função tem a música se não a de despertar os mais diversos sentimentos nas pessoas? Por que esse "tecnicismo" aloprado? Qual o motivo de ficar catando erros nas performances do pessoal ao invés de apenas contemplar a música? Qual o sentido de tanto julgamento aos artistas só porque saiu uma notinha errada aqui e/ou uma outra coisinha ali?
Afinal, vocês preferem que os músicos toquem perfeito ou toquem com emoção?
Lembro da época em que eu cursava faculdade de Música na UFRGS - muitos músicos virtuosos ali, mas, por outro lado, a grande maioria dos mesmos parecia pré-programada para executar certas peças, usando de muita técnica, mas pouca (ou nenhuma) emoção. Aliás, lembro em vários detalhes de uma conversa que ouvi naquela época, entre dois dos alunos (não da minha turma), na qual um disse ao outro que havia frequentado um workshop de um famoso violinista (na verdade não sei se era um ou uma, não lembro do gênero da pessoa, mas considerarei o masculino, para efeito de escrita), o qual ele admirava muito.
A conversa foi, mais ou menos, a seguinte: ele estava no tal workshop, assistindo ao evento, no qual o violinista falou sobre diversos assuntos relacionados ao instrumento e ainda executou várias peças. Esse aluno mencionou que, enquanto o violinista executava as tais peças, havia um grupinho na plateia dizendo que as notas estavam erradas, que o timing não estava certo, que as arcadas não eram as mesmas que os compositores haviam imaginado etc.. Enfim, o tal grupinho queria perfeição absoluta e não a encontrou. Em dado momento, alguns daquele grupinho começaram a reclamar diretamente ao violinista, o qual respondeu sabiamente às investidas com uma pergunta:
- Vocês preferem tocar perfeito ou tocar com emoção?
Resultado: o grupinho não falou mais nada, e o restante da plateia aplaudiu o violinista de pé.
Outra história que conheço veio de uma revista que li há anos atrás, a qual continha uma entrevista com um certo músico italiano, representante de uma famosa marca de instrumentos musicais eletrônicos. Ele estava no Brasil naquele momento e contou, nessa entrevista, que a plateia mais calorosa para a qual ele se apresentou foi justamente a brasileira, que o aplaudia sempre, enquanto que, na Europa, de onde ele veio, a plateia era muito fria e calculista. Isso me lembrou de tantas vezes que assisti a concertos de orquestras na TV, que executavam obras magníficas, mas as plateias pareciam mais com análises, com bancas examinadoras, com um júri, do que com plateias propriamente ditas: assistiam a tudo visando encontrar erros. Coisas do universo erudito que até então eu não sabia?
Só que isso não acontece apenas no meio erudito - já vi muitos casos de álbuns históricos de bandas e artistas famosos que foram literalmente massacrados por certos críticos musicais por causa de uma coisinha ou outra que os mesmos julgaram "imperfeitas", "inapropriadas" ou, ainda, "sem sentido" (aliás, acho que críticos musicais são músicos frustrados que não conseguiram seguir adiante, e então vivem de falar mal da obra alheia - estou errado?).
Sei que há uma relação muito íntima entre música e matemática, mas não vejo necessidade de transformar a música em matemática pura. Afinal, qual outra função tem a música se não a de despertar os mais diversos sentimentos nas pessoas? Por que esse "tecnicismo" aloprado? Qual o motivo de ficar catando erros nas performances do pessoal ao invés de apenas contemplar a música? Qual o sentido de tanto julgamento aos artistas só porque saiu uma notinha errada aqui e/ou uma outra coisinha ali?
Afinal, vocês preferem que os músicos toquem perfeito ou toquem com emoção?
Comentários
Postar um comentário
Quer comentar algo?