Nadando contra a maré da "pasteurização tecladística"


Essa foto (aqui editada com o PicsArt) é do início do 2006 e foi tirada de um ensaio com uma banda daquele tempo, a Monos. Vocês nem fazem ideia do que eu usava de instrumentos naquela época... Nessa foto não dá para ver, mas eram um piano Casio Privia PX-300, um Roland EM-50 e um (não, sério...) Yamaha PSR-E203. Nunca fui de seguir regras quanto a quais instrumentos usar, e até hoje não sou. Uso aqueles que acho melhores para mim, não importam marcas e modelos. Minhas escolhas seguem critérios pessoais, não se "fulano famoso usa" ou se "hoje em dia se usa esse e aquele outro".
O que vejo de tecladistas atuais usando os mesmos instrumentos, tocando da mesma forma, fazendo as mesmas coisas, do mesmo jeito, porque a convenção lhes disse que "é assim que se faz", me faz pensar que está havendo uma enorme padronização desse posto. Padronização essa da qual sigo fugindo - e para a qual jamais irei. Também fico com pena de ver outros tantos tecladistas super talentosos que perdem seus postos em várias bandas porque não usam o "instrumento X" nem o "instrumento Y". É triste ver essa "pasteurização tecladística" imposta pelo mercado musical...
Se for pensar em como era ser tecladista dos anos 60 à primeira metade dos 2000, e como é exercer essa função da segunda metade dos anos 2000 em diante, fica evidente que, se antes o que valia era a criatividade, hoje há uma vasta imposição de quais instrumentos se deve ou não usar. Isso me desagrada muito, e mais ainda nos dias atuais, onde, para ser reconhecido como "bom tecladista", é preciso usar os instrumentos padrão da indústria. Eu mesmo já fui muito criticado por não usar Nord, nem Kronos, nem Motif etc., mas nunca me abalei com isso.
Desde o dia em que me tornei profissional da música, lá em dezembro de 2000, nunca, jamais, em hipótese alguma escolhi meus instrumentos por serem "os da moda". Escolhi-os porque gostei da sonoridade, dos recursos etc.. Quem me vê nos palcos desde muito tempo percebe que meu set de teclados foge de qualquer convenção, e aposto exatamente nisso como meu maior diferencial. E assim será até meu último dia na Terra...

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