A vitalidade dos novos tecladistas - uma reflexão de quem já está há muitos anos nessa estrada

Eu, como pianista/tecladista profissional há tantos anos, tenho uma certa gotinha de "inveja saudável" daqueles que estão começando agora. Porque, quando se está começando, as teclas são um universo totalmente novo, ainda inexplorado, que aos poucos vai se revelando, na medida em que o tempo avança. Não existe aquela pressão para ser "o fodão", nem para conseguir o instrumento "mais top" (coisa da qual nunca fui adepto - se vou comprar um novo instrumento, é porque busco alguns recursos pontuais, mas, no geral, me viro com o que tenho e pronto), nem tantas outras - é tudo novidade; é tudo até, eu diria, lúdico. Porque a gente descobre um mundo de novas possibilidades enquanto está começando - tudo é mágico, tudo é empolgante. Quando nos tornamos profissionais de longa data, a magia parece não existir mais, fica tudo tão chato e automatizado...
Sempre que posso, assisto a clipes e/ou vejo fotos de outros tecladistas/pianistas por aí, principalmente daqueles que começaram há relativamente pouco tempo, mas que já mostram muita competência em seus dotes ao(s) instrumento(s). Fico admirado com os resultados sonoros que eles conseguem obter, através da pesquisa de timbres e recursos, fazendo tudo a seu tempo - coisas que muitos profissionais (consto nessa lista) jamais imaginariam, por estarem completamente imersos em suas carreiras, sem tempo para experimentações e fazendo apenas aquilo que o mercado lhes dita, muitas vezes sugando suas economias e sua energia nesse processo. É impressionante, mas a cada vez que assisto a esses vídeos e vejo essas fotos, me sinto mais revigorado, pois sei que, indiretamente, posso ter servido de exemplo para muitos outros que estão começando agora nesse meio.
Como eu queria ver a diversão voltando à música, sem perder o profissionalismo. Como eu queria ver o ímpeto e a vitalidade dos novos tecladistas contagiando aqueles que já percorreram uma longa estrada (de novo, consto nessa lista), revigorando-os e tornando-os não apenas melhores, como também menos propensos a stress e outros problemas de saúde física e mental. Esse vigor faz muita falta no universo das teclas - precisamos de renovação. E ela virá com os novos tecladistas.

Comentários