Tenho algo a dizer sobre minha participação no show recente da banda Friday Lovers no Divina Comédia (Porto Alegre-RS) - esse foi, para mim, o show da superação.
Não, nada a ver com o fato de eu ter usado quatro teclados no palco, contando com um engradado de cerveja como apoio extra para uma das estantes. E não, nada a ver com eu ter me virado como dava para executar arranjos bastante complexos.
O que aconteceu comigo foi algo que, de musical, não teve nada: quase desmaiei em pleno palco. Tive sérios problemas intestinais pouco antes do show e, com o passar do tempo, já tocando, comecei a me sentir muito fraco. Suei frio e, inclusive, houveram vários momentos nos quais eu mal conseguia respirar - quem me viu no palco deve ter percebido quanto tempo permaneci com a boca aberta, inspirando e expirando o ar como dava, para não acabar perdendo os sentidos.
Ainda não sei como tive forças para terminar o show, e muito menos como consegui dirigir de volta para casa - cheguei a pensar que eu sairia direto dali para o hospital mais próximo. E até agora não faço ideia do que aconteceu. Só sei que, apesar de tudo, fui até o fim, segurando todas as pontas, tentando não deixar o prédio desmoronar. A superação para mim foi ter conseguido tocar durante todo o tempo do show, estando doente e tudo mais - não havia como executar o repertório de forma primorosa nas condições físicas em que eu me encontrava, mas fiz o melhor que pude, mesmo com todas as limitações.
Ser músico profissional é isso: se superar, não importam as circunstâncias. É ir até o final, por maiores e aparentemente mais intransponíveis que sejam os obstáculos.
Dei minha vida nesse show - quase que literalmente. Mas também ganhei uma nova vida, ao ver o carinho e a admiração de todos os que foram me cumprimentar após o mesmo. Por mais esgotado que eu me encontrasse devido a esses problemas de saúde, ainda assim saí realizado do bar, pois sei que, mesmo não tendo tido minha melhor performance, ainda assim consegui encerrar aquele que já considero um dos shows mais importantes da minha carreira. Se faltou primor técnico, sobrou muita força de vontade.
Fui no sacrifício, mas consegui!
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