E o seu quadro, como seria?

Se há um item decorativo na parede do meu estúdio que possui um extremo significado para mim, é esse quadro.
Eu andava numa depressão profunda na segunda metade de 2015. Sem trabalho, sem perspectivas, sem nada - foi a maior encruzilhada pela qual minha carreira passou, num momento no qual eu questionava bastante sobre a continuidade da mesma. Cheguei até a iniciar curso superior em TI na época, imaginando que a música havia chegado ao fim na minha vida. Eu estava pronto para largar tudo de mão e me tornar desenvolvedor de software.
Mas - e sempre tem um "mas" - eis que um dos professores da faculdade de TI descobriu meu passado como graduado em Música pelo Instituto de Artes da UFRGS, e ficou particularmente interessado na parte de tecnologia aplicada à música. Ele então me contou sobre um projeto de inteligência artificial voltado à música, o qual estava desenvolvendo; fui prontamente convidado a participar do mesmo, topando a proposta. Estava tudo indo bem, porém...
... eu sentia que faltava algo.
Será que aquilo que eu estava fazendo era, de fato, ligado à música? Ou era pura e simples programação? Comecei a me sentir desanimado e o resultado foi que não só abandonei o projeto como também todo o curso. Fiquei vários meses sem saber o que fazer da vida.
Então chegou o Natal daquele ano.
A família estava em festa, a casa cheia, altos petiscos e bebidas, mas eu não poderia estar mais "borocochô". Eu não tinha ânimo para absolutamente nada. Minha participação no amigo secreto foi desastrosa - eu só queria desaparecer dali. Mas eis que minha irmã Virgínia me presenteou com esse quadro cheio de fotos tiradas durante várias fases da minha vida musical, do início até aquele momento... Estava na cara: a música sempre foi minha essência, e abandoná-la era um ato de autossabotagem. Nunca mais pensei em deixar a música desde então.
Esse quadro é um marco da minha perseverança - ganhei o mesmo de presente quando tudo apontava contra a carreira musical. Ele permanece na parede do meu estúdio como uma forma de me lembrar que, por mais tortuosa que seja a estrada, lá na frente a recompensa chegará. Música é luta constante, permanente.
E o seu quadro, como seria?