Ensaiando um espetáculo completo com o mínimo do mínimo em 2006

 

Essa foto - na verdade, um recorte de uma foto maior - é um daqueles tesouros antiquíssimos do meu arquivo.
Aí eu estava provavelmente ensaiando com o grupo artístico da Associação Canoense dos Deficientes Físicos na Escola Bom Pastor (Nova Petrópolis-RS) em meados de 2006. Era algo como um retiro - nada a ver com retiro espiritual, era retiro artístico mesmo, para o pessoal se aprofundar na produção da principal apresentação daquele ano. E lembro que, durante todo o fim de semana de ensaios, usei um dos teclados mais básicos que já passaram pelas minhas mãos - um Yamaha PSR-E203. Detalhe: só ele. Mais nada. Não tinha amplificador, o som era o dos falantes internos mesmo, no volume máximo. E - observem na foto - não tinha sequer pedal de sustain conectado ali. E nem mesmo estante - o local era uma sala de aula, e o teclado foi posto sobre a mesa do professor. Toquei sentado numa cadeira que havia por lá. Além do mais, o instrumento não tinha teclas sensitivas; sem dinâmica, o jeito foi compensar na forma de tocar.
Pensa em ter que produzir um espetáculo inteiro usando o mínimo do mínimo. E deu tudo certo!
Esse foi mais um dos momentos da carreira que moldaram minha forma de lidar com os instrumentos à minha frente: ir a fundo neles, tentando obter o melhor som possível, por mais parcos que sejam os recursos. Modéstia à parte, literalmente consegui transformar cascalho em diamantes. Mantenho esse princípio até hoje.

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