Um módulo que fez mágica (para mim)


foto meramente ilustrativa - fonte

Há muito tempo atrás, lá pelos idos de 1997-98, A Roland lançou um módulo sintetizador, modelo SC-880, que costumava deixar o pessoal de boca aberta naqueles tempos. Seus sons eram fantásticos e ele já vinha com várias sugestões pré-programadas de performances para uso ao vivo. Muito usado por aqueles tecladistas que queriam mais timbres, mas não necessariamente mais teclas.
Em 2000, se não estou enganado, eu mesmo vi um Roland SC-880 ao vivo pela primeira vez na vida, o qual pertencia ao meu professor de piano. Foi num certo evento, não sei se foi um sarau, um recital ou um especial de fim de ano, mas sei que ele estava usando seu piano portátil junto com o módulo, a fim de conseguir outros timbres de piano acústico e elétrico diferentes. Uns anos depois, já em 2006, resolvi comprar esse módulo do meu professor (àquela altura ex-professor, pois parei com as aulas de piano em 2001) visando ter essa maior gama de sons no meu próprio set de instrumentos na época.
Lembro que decidi comprar aquele Roland SC-880 por alguns motivos. Primeiro: meu professor de piano não usava mais o mesmo. Segundo: não vi por que comprar mais um teclado só por causa de mais alguns sons, então deu bem para usar um dos meus como controlador via MIDI. Terceiro: foi barato. O que nunca imaginei foi que o tal módulo fosse se tornar um item-chave no meu set por tanto tempo, até 2009, quando troquei-o por não lembro o quê com um colega de faculdade de Música (aliás, essa foi uma daquelas trocas que eu jamais deveria ter feito...). Usei-o bastante com bandas - a propósito, durante todo o tempo em que toquei com a Necessidade Humana, entre 2007 e 2009, o Roland SC-880 foi um item muito presente no meu set de palco.

Eu usando o Roland SC-880 durante um ensaio com uma banda em janeiro de 2007

O set daquele ensaio - aqui dá bem para ver o Roland SC-880

Após o histórico show da Necessidade Humana no Sgt. Pepper's em maio de 2008 - repare no Roland SC-880 perto da minha mão esquerda

Foto caseira do meu set em fevereiro de 2009 - o Roland SC-880 está logo abaixo do Kurzweil SP76

Enfim, esse módulo me foi extremamente útil em muitas ocasiões entre 2006 e 2009. Mas tudo o que mencionei acima foi para eu contar uma história, da qual me lembro muito bem até hoje, e que ainda conto em grupos de discussão para tecladistas. Foi mais ou menos assim: um dia, a Necessidade Humana foi convidada a fazer um show na Festa do Trabalhador, um evento muito tradicional daqui de Canoas-RS, promovido pela Prefeitura Municipal há muitos anos. Convite aceito, lá foi a banda - eu já tinha ciência de que não dava para levar muita coisa (e confesso que sempre gostei de botar uns três ou quatro instrumentos no palco...), pois se tratava de show curto e tinha presença de muitas outras bandas, então, tive que levar o mínimo possível. Adivinha o que levei? Sim, exatamente. O módulo Roland SC-880 + um teclado controlador (não lembro qual). Mas a história toda foi que montei esse aparato de um jeito bem fora do convencional: o teclado ficou visível, mas o módulo não. Consegui essa feita colocando o módulo atrás de um dos amplificadores, enquanto o teclado ficou bem visível ao público.
O que aconteceu foi o seguinte: durante o show, fui tocando minhas partes com toda aquela sonzeira do Roland SC-880, usando o teclado controlador. Eu já tinha tudo pré-programado em casa, foi só ir mudando os presets no decorrer da apresentação. O povo curtiu demais a banda, mas o negócio todo foi que alguns ficaram se perguntando, não necessariamente com essas palavras: "como é que o cara lá atrás conseguiu tirar todo esse som só com aquele tecladinho?" É... Pois é... Elementar, meu caro Watson ;-)
É uma pena que não tenho nenhum registro desse show, mas enfim...
O interessante foi que, naqueles tempos, muito se associava a qualidade do trabalho de um tecladista com sets grandes e cheios de instrumentos tops de linha. Aí cheguei lá com um teclado super simples + o Roland SC-880 escondido e, assim, à minha maneira, quebrei esse tabu. Acho que fiz, naquele tempo, o que hoje a maior parte dos tecladistas profissionais faz: menos equipamento no palco e mais foco na qualidade dos timbres. Porque, afinal, o que realmente importa em se tratando de música, é o som ou a imagem?
Recentemente encontrei num certo site de classificados outro Roland SC-880, por um excelente preço, e aparentemente em perfeitas condições. Ando me coçando até agora para fechar a encomenda e matar a saudade daqueles sons...

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